Tutoriais para aprender SRE

Descubra como o SRE transforma a forma como grandes empresas garantem disponibilidade, confiabilidade e escala nos sistemas modernos.

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Análise de Falhas e Postmortems Arquiteturas Resilientes Automação e Ferramentas Cultura e Práticas de Confiabilidade Escalabilidade e Performance Fundamentos do SRE Gerenciamento de Mudanças e Deploy Gestão de Incidentes Monitoramento e Observabilidade SLIs, SLOs e SLAs

A equipe original de SRE do Google tinha um lema curioso: 'We fix it, we break it, we own it'. Essa filosofia reforçava que os engenheiros eram responsáveis por tudo — desde o desenvolvimento até a operação, cultivando senso de dono e excelência técnica.

O termo SRE, ou Site Reliability Engineering, surgiu no Google em meados dos anos 2000 como uma resposta técnica e organizacional ao crescimento exponencial de sistemas web e à necessidade de manter esses sistemas disponíveis e performáticos em larga escala. Trata-se de uma abordagem que une desenvolvimento de software com operações, com o objetivo de garantir que os sistemas sejam confiáveis, escaláveis e resilientes, mesmo sob alto volume de tráfego. A base do SRE está na automação de tarefas manuais, na criação de métricas como SLOs (Service Level Objectives) e no conceito de Error Budget, que permite equilibrar inovação com estabilidade. Grandes empresas como Netflix, Amazon e Meta adotaram práticas de SRE para sustentar operações que exigem altíssima confiabilidade. Ao invés de seguir modelos tradicionais de operações reativas, o SRE aposta em engenharia proativa, usando software para resolver problemas operacionais. Isso muda completamente a dinâmica dos times e exige uma mentalidade voltada à engenharia de confiabilidade.

Diferente de uma equipe tradicional de suporte ou infraestrutura, o papel do SRE é automatizar o máximo possível, eliminando tarefas repetitivas e criando sistemas autogerenciáveis. Por exemplo, em vez de escalar manualmente um serviço que começa a ter mais acessos, um SRE cria scripts e pipelines de deploy contínuo que monitoram e ajustam recursos automaticamente com base em métricas predefinidas. Além disso, a prática de postmortems sem culpa (blameless postmortems) é um dos pilares da cultura SRE: após um incidente, o foco é entender as causas profundas e melhorar os sistemas para que falhas semelhantes não voltem a ocorrer. Essa postura impulsiona a melhoria contínua e fortalece a confiança entre equipes técnicas. O SRE também colabora com times de desenvolvimento para tornar os serviços mais observáveis e resilientes desde a concepção, o que contribui para a prevenção de falhas e diminuição do tempo de resposta em incidentes críticos.

Outro ponto essencial no SRE é a definição clara de métricas de confiabilidade. Os SLIs (Service Level Indicators) e SLOs (Service Level Objectives) são utilizados como base para medir se um serviço está entregando o que foi prometido. Por exemplo, um SLO pode estabelecer que uma API deve responder com sucesso a 99,9% das requisições em um mês. Se esse objetivo não for cumprido, o time entra em modo de correção, priorizando estabilidade antes de novos lançamentos. Essa abordagem orientada por dados ajuda a alinhar expectativas entre times técnicos e stakeholders do negócio. Em vez de apenas confiar na percepção de que um sistema está estável, o SRE traz dados reais para a tomada de decisão. Com o tempo, isso cria uma cultura baseada em responsabilidade técnica e indicadores de qualidade claros.

Não se trata apenas de infraestrutura e código: SRE é, sobretudo, uma mudança cultural. Empresas que adotam essa disciplina criam uma nova forma de pensar sobre confiabilidade, onde todos — desenvolvedores, operações, produto — são responsáveis pela experiência do usuário final. Essa cultura promove colaboração, quebra silos e incentiva times a construir soluções resilientes desde o início. Ao mesmo tempo, exige que os profissionais aprendam a lidar com complexidade, ambiguidade e tomada de decisões baseadas em trade-offs. Por isso, o perfil do engenheiro SRE moderno combina habilidades técnicas avançadas (como programação, arquitetura distribuída e observabilidade) com soft skills como comunicação, empatia e foco em resolver problemas de forma sistemática. O impacto do SRE vai além dos sistemas: ele molda a cultura da empresa e influencia diretamente na satisfação do cliente.

O conhecimento sobre SRE é cada vez mais crucial em um mundo onde a expectativa de disponibilidade é de 100%. Com sistemas se tornando mais complexos, o SRE oferece as ferramentas e a mentalidade necessárias para escalar com segurança, evitar falhas e entregar valor contínuo aos usuários.